O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, lembrado todos os anos em 17 de outubro, tem suas origens em 1987, quando o padre Joseph Wresinski reuniu cerca de 100 mil pessoas na Praça dos Direitos Humanos, em Paris, para inaugurar uma pedra em homenagem às vítimas da miséria, da fome, da violência e do medo. Desde então, a data se tornou um marco global para reforçar a urgência de eliminar a pobreza em todas as suas formas e mobilizar governos, instituições e a sociedade civil a agir de maneira concreta contra as desigualdades.
Em 2024, o tema escolhido foi “Acabar com os maus-tratos sociais e institucionais. Atuar em conjunto para sociedades justas, pacíficas e inclusivas”. A proposta é dar visibilidade a uma dimensão muitas vezes invisível da pobreza: a discriminação e os maus-tratos que pessoas em situação de vulnerabilidade sofrem diariamente, não apenas pela escassez de recursos, mas também pelo peso de instituições e práticas sociais excludentes. A reflexão dialoga com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16, que defende a promoção de sociedades mais equitativas e inclusivas.

Acabar com a pobreza vai muito além de oferecer assistência pontual; é garantir que cada ser humano tenha acesso a uma vida digna, com direito à educação, saúde, moradia, saneamento, energia, emprego e proteção social. No entanto, mais de um bilhão de pessoas ainda são privadas do mínimo essencial para sobreviver, enquanto bilhões convivem com a falta de serviços básicos. Essa realidade se torna ainda mais grave diante da crise climática, dos conflitos armados, da discriminação estrutural e de um sistema financeiro global ultrapassado e desigual, que limita os países em desenvolvimento na luta contra a miséria.
Os dados são alarmantes: se nada mudar, quase 500 milhões de pessoas ainda viverão em extrema pobreza em 2030. Esse cenário é inaceitável. Na Cúpula dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, realizada em setembro, líderes mundiais assumiram a necessidade de reformar a arquitetura financeira internacional e lançar medidas mais ousadas, incluindo um pacote de estímulo anual de pelo menos 500 bilhões de dólares, para financiar investimentos que garantam avanços reais na redução da pobreza e na construção de sociedades mais justas.
O compromisso inclui transformar sistemas alimentares e educacionais, ampliar a proteção social, gerar empregos dignos e promover igualdade de oportunidades. Mais do que nunca, acabar com a pobreza se mostra como o maior desafio do nosso tempo, mas também como uma meta possível, desde que haja vontade política, solidariedade e união entre povos e nações.
💭 E aqui cabe a provocação: que sentido faz aceitarmos que, em um mundo capaz de produzir riquezas em abundância, ainda haja milhões de pessoas privadas do básico para viver? Até quando toleraremos que a exclusão e a desigualdade ditem o destino de tantos? O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza nos convoca a romper com a indiferença e assumir, individual e coletivamente, o compromisso de lutar por um futuro livre da miséria. A questão é: teremos coragem de transformar essa promessa em realidade? 💭
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Conteúdo elaborado para: ObservAJUS – Observatório de Acesso à Justiça
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