16 de Outubro – Dia Mundial da Alimentação

O Dia Mundial da Alimentação, celebrado em 16 de outubro, nasceu em 1981 como uma forma de marcar também a criação da FAO, a agência da ONU dedicada à agricultura e à alimentação. Desde então, tornou-se uma das datas mais lembradas no calendário internacional, mobilizando mais de 150 países em uma reflexão coletiva sobre a importância do alimento, não apenas como sustento físico, mas como um direito humano fundamental que precisa ser garantido a todos, em qualquer lugar do mundo. A cada ano, um novo tema é escolhido, sempre com o objetivo de reforçar a necessidade de sistemas alimentares sustentáveis, capazes de oferecer comida saudável, nutritiva e acessível, sem deixar ninguém para trás.

O Guia Alimentar para a População Brasileira lembra que comer de forma saudável não depende apenas da vontade individual. Há um conjunto de fatores econômicos, culturais, sociais e políticos que influenciam diretamente nossos padrões alimentares. E, na prática, isso significa que milhões de pessoas, no Brasil e no mundo, estão em risco de insegurança alimentar porque não conseguem acesso regular a alimentos de qualidade. Em resposta a esse desafio, a campanha de 2022 trouxe o lema “Não deixar ninguém para trás. Melhor produção, melhor nutrição, melhor meio ambiente, uma vida melhor”, reforçando os quatro pilares que sustentam a celebração: produzir com responsabilidade, oferecer uma alimentação equilibrada, proteger o meio ambiente e buscar mais qualidade de vida para todos.

Fonte / Créditos da imagem: Elaborado(a) pelo(a) autor(a) | 

Esses pilares se conectam diretamente às recomendações do Guia Alimentar: priorizar alimentos frescos ou minimamente processados, utilizar temperos e aditivos com moderação, limitar o consumo de processados e evitar ultra processados, como refrigerantes, salgadinhos e macarrão instantâneo, que além de pobres em nutrientes, geram impactos negativos na saúde, na cultura alimentar e até mesmo na sustentabilidade do planeta. Assim, a proposta vai além de escolhas individuais: trata-se de repensar todo o sistema agroalimentar, do campo ao prato, para que seja inclusivo, eficiente e ambientalmente responsável.

A pandemia de COVID-19 trouxe ainda mais urgência para essa pauta. Os sistemas de produção e distribuição de alimentos foram abalados, e a insegurança alimentar se intensificou em diferentes partes do mundo. No Brasil, a FAO estima que quase 50 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar moderada ou grave, enquanto toneladas de alimentos são perdidas ou desperdiçadas todos os dias por falhas na colheita, no transporte, na armazenagem ou no varejo. A contradição é clara: um dos maiores produtores mundiais de alimentos também é um dos maiores desperdiçadores. Pesquisas, como a desenvolvida na UFSCar, mostram que esse desperdício está ligado à falta de comunicação entre fornecedores e supermercados, à ausência de planejamento da demanda e até mesmo a entraves da legislação sobre doação de alimentos.

O combate a essas perdas não é apenas uma medida econômica, mas também uma forma de cuidar da saúde da população e do planeta. Reduzir o desperdício significa preservar recursos naturais, valorizar a produção agrícola, garantir mais acesso a alimentos e promover equidade social.

💭E é nesse ponto que cabe a reflexão: como podemos, enquanto sociedade, conviver com o fato de que milhões de pessoas passam fome enquanto toneladas de alimentos são jogadas fora todos os dias? Até quando aceitaremos um sistema que valorize mais o lucro do que a vida? O Dia Mundial da Alimentação nos desafia a olhar para além do prato e repensar nossas escolhas individuais e coletivas. A pergunta que fica é: queremos continuar alimentando um ciclo de desperdício e desigualdade, ou vamos construir juntos um futuro em que a comida de qualidade seja, de fato, um direito garantido para todos?💭

Fontes:

Agência FAPESP

Fundação Oswaldo Cruz – Brasília

Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)

Nações Unidas – Brasil

Texto | Produção | Autoria:

Eduardo Gomes Nascimento

Conteúdo elaborado para: ObservAJUS – Observatório de Acesso à Justiça

Palavras-chave:


Voltar para Publicações