15 de Outubro – Dia Internacional  das Mulheres Rurais

O Ministério dos Direitos Humanos destaca a celebração do Dia Internacional das Mulheres Rurais, uma data que busca chamar a atenção para a realidade enfrentada por milhões de trabalhadoras do campo em todo o mundo. No Brasil, cerca de 14 milhões de mulheres atuam nesse contexto, onde as demandas por acesso à terra, segurança, saúde e recursos básicos, como água, ainda são urgentes. A relevância do tema é tão grande que a Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a dedicar o ano de 2018 especialmente às mulheres rurais, reconhecendo sua importância para o desenvolvimento global.

Criada em 1995 pela própria ONU, a data tem como objetivo ampliar a consciência coletiva sobre o papel essencial das mulheres que vivem e trabalham no campo. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), elas representam cerca de 40% da força de trabalho agrícola nos países em desenvolvimento, número que revela sua participação decisiva na produção de alimentos e na manutenção da vida rural.

No Brasil, iniciativas como o PRONAF Mulher oferecem linhas de crédito específicas para fortalecer a produção dessas trabalhadoras. Outro exemplo é o Selo de Identificação da Participação da Agricultura Familiar Mulheres Rurais, que reconhece e valoriza o protagonismo feminino no meio agrícola, favorecendo a autonomia econômica, o processamento e a comercialização dos produtos. Esses instrumentos contribuem para que as mulheres tenham mais visibilidade e sejam reconhecidas como agentes de soberania alimentar e de desenvolvimento sustentável.

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No âmbito governamental, o ministro dos Direitos Humanos, Gustavo Rocha, destacou que as mulheres do campo contam com serviços como o Ligue 180 e unidades móveis de atendimento. Além disso, a Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres vem atuando na defesa de recursos orçamentários voltados para a construção de Casas da Mulher Brasileira em áreas do interior, garantindo apoio mais próximo às comunidades rurais.

A pauta também esteve em destaque na 62ª Sessão da Comissão da ONU sobre a Situação das Mulheres, na qual o Brasil participou ativamente. Nesse encontro, o país apresentou a diversidade das mulheres rurais, contemplando indígenas, quilombolas e afrodescendentes, além de levantar a necessidade de ações voltadas à saúde, como a prevenção do HIV em áreas rurais. Para a secretária nacional de Políticas para Mulheres, Andreza Colatto, alcançar a igualdade de gênero e empoderar essas trabalhadoras não é apenas uma questão de justiça social, mas também um caminho indispensável para combater a pobreza, a fome e os efeitos das mudanças climáticas.

As mulheres rurais têm papel central nesse enfrentamento. Elas são responsáveis por cerca da metade da produção de alimentos no mundo e, ao mesmo tempo, administram recursos naturais e preservam a biodiversidade. Muitas já adotam práticas sustentáveis, como o uso de sementes adaptadas à seca, técnicas de manejo do solo de baixo impacto e iniciativas comunitárias de reflorestamento. Mulheres indígenas, em especial, carregam saberes ancestrais fundamentais para a conservação ambiental, e em diversas partes do mundo, mulheres do campo têm liderado movimentos climáticos que pedem respostas urgentes para a crise ambiental.

Entretanto, os efeitos das mudanças climáticas afetam de forma mais dura as mulheres rurais, sobretudo as indígenas e camponesas, devido à dependência direta da agricultura, à marginalização social e às condições de vida vulneráveis. Por isso, o tema deste ano reforça a mensagem: “Mulheres Rurais Sustentando a Natureza para Nosso Futuro Coletivo: Construindo resiliência climática, conservando a biodiversidade e cuidando da terra para a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas”. A data convida a sociedade a valorizar essas mulheres como provedoras de alimentos e guardiãs do meio ambiente, a garantir sua participação nas decisões de suas comunidades e a lutar por um campo mais justo, onde possam ter as mesmas oportunidades que os homens.

💭Essa data não deve ser lembrada apenas como uma celebração simbólica, mas como um chamado à responsabilidade coletiva. Até quando vamos permitir que milhões de mulheres que sustentam a vida no campo permaneçam invisíveis nas políticas públicas e nas decisões que moldam o futuro do planeta? Reconhecer sua força é um primeiro passo, mas o verdadeiro desafio é transformar esse reconhecimento em igualdade real, garantindo voz, direitos e oportunidades. Afinal, que futuro queremos construir se continuarmos a ignorar aquelas que alimentam o mundo e protegem a terra que habitamos?💭

Texto | Produção | Autoria:

Eduardo Gomes Nascimento

Conteúdo elaborado para: ObservAJUS – Observatório de Acesso à Justiça

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