28 de Setembro – Dia da Lei do Ventre Livre

Em 28 de setembro de 1871, a Lei do Ventre Livre foi promulgada, marcando um passo decisivo, embora gradual, em direção ao fim da escravidão no Brasil. Essa legislação, uma das mais importantes do século XIX, determinava que os filhos de mulheres escravizadas nascidos a partir daquela data seriam considerados livres. No entanto, a lei carregava consigo muitas controvérsias.

Fonte / Créditos da imagem: elaborado(a) pelo(a) autor(a) | #ParaTodosVerem: Foto mostra punho com uma corda. No canto superior direito, caixa de texto com a frase “Dia da Lei do Ventre Livre”. No canto inferior direito, a logo do ObservAJUS.

O Brasil, em meados do século XIX, era um dos últimos países do mundo a manter o trabalho escravo. A nação vivia um período de grandes conflitos sociais, com o movimento abolicionista ganhando cada vez mais força. Figuras como o imperador Dom Pedro II, embora defensor da abolição, viram propostas anteriores, como a de Pimenta Bueno, serem adiadas. A Guerra do Paraguai foi um dos fatores que “engavetou” essas discussões.

Após a guerra, a pressão dos abolicionistas — um grupo diverso de advogados, jornalistas e intelectuais africanos como os malês — tornou-se insustentável. A Lei do Ventre Livre, proposta por José Maria da Silva Paranhos, o Barão do Rio Branco, foi uma resposta a essa pressão. A lei, no entanto, não concedia a liberdade total e imediata. Ela estabelecia que os filhos, agora chamados de “ingênuos”, permaneceriam sob a custódia de seus senhores até os 21 anos, com uma indenização prevista para os proprietários. Essa medida gerou críticas e a ira dos escravizados, pois na prática, prolongava a exploração.

Apesar de suas falhas, a Lei do Ventre Livre teve um impacto significativo. Ela obrigou os senhores a registrar seus escravos em um cadastro nacional, uma medida que foi usada por advogados abolicionistas para fiscalizar e combater fraudes. Para o movimento abolicionista, a lei, embora imperfeita, se tornou uma poderosa ferramenta de luta, expondo as contradições do sistema escravista. A resistência dos negros, a força de lideranças como a Princesa Isabel e a persistência dos abolicionistas foram fundamentais para a conquista de direitos.

Sob a ótica da educação e da economia, a lei também trouxe mudanças. Ela provocou a criação de fundos de emancipação, destinados a libertar escravos anualmente, e impôs a obrigação de registrar os escravos com nome, sexo e aptidão para o trabalho. Aqueles que não fossem matriculados em até um ano seriam considerados libertos. Assim, a Lei do Ventre Livre, com suas contradições e limitações, foi um passo crucial na longa e árdua jornada para a abolição, provando que a luta, a resistência e a persistência são essenciais para alcançar a vitória.

Texto | Produção | Autoria:

Eduardo Gomes Nascimento

Conteúdo elaborado para: ObservAJUS – Observatório de Acesso à Justiça

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