Visão geral
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Resumo
Objetivos
A prática “Cidadania, Democracia e Justiça ao Povo Maxakali”,na medida em que fortalece as instâncias locais de prestação jurisdicional, promove melhor acesso de grupo minoritário ao Judiciário Estadual. A prática joga luz sobre a relevância do sistema judiciário estadual como espaço de proteção e promoção dos direitos dos indígenas, seja pela mobilização interinstitucional que gera, seja pela proposição do diálogo e do debate entre povos originários e sociedade envolvente.
Metodologia
- No eixo “Cidadania”, foram realizados vários mutirões registrais, com emissão de documentos de identidade – tanto nas aldeias quanto no setor de registro da Polícia Civil. Também foram emitidos títulos eleitorais, entregues “in loco”, principalmente de jovens maxakali entre 16 e 18 anos, por meio da ação “Justiça Eleitoral nas Aldeias”. O mapeamento de demandas identificou o anseio por novas seções eleitorais e permitiu rápida solução: o TRE/MG autorizou a criação de duas seções, uma em cada comunidade indígena da Zona Eleitoral. As últimas ações de identificação de demandas ocorreram em articulação com a DPE-MG e DPU, com foco em questões de saúde. O consumo abusivo de álcool (que ocasionou quatro falecimentos no início de 2021), a raiva silvícola (que afetou crianças nos últimos meses) e a necessidade de medicações e cirurgias foram relatados, de modo que as defensorias públicas (estadual e federal) comprometeram-se a tomar medidas administrativas visando a garantir atenção médica e paramédica à população Maxakali.
- No eixo específico da Justiça, foram mapeadas demandas judiciais reprimidas, em sede de Direito Previdenciário (competência delegada), Família (reconhecimento de união estável, guarda e tutela), Consumerista e Notarial. As causas mais urgentes, com representação dos indígenas por advogados dativos indicados pela OAB, já estão sendo sentenciadas. As demais estão em processamento e serão resolvidas com audiências “in loco”. Em articulação com a Defensoria Pública, será realizado, também, o juizado especial itinerante. Importante citar, também, o grupo de discussões “Observatório de Justiça Maxakali”, que foi criado inicialmente para as tratativas da equipe, mas hoje reúne, além dos voluntários que encampam as ações do projeto, autoridades e pesquisadores, proporcionando espaço virtual para discussão dos fundamentos da prática e disseminação de resultados e notícias. Em síntese, no tocante ao aperfeiçoamento da Justiça proporcionado pela prática “Cidadania, Democracia e Justiça aos Povos Indígenas”, temos o sistema judiciário estadual de Minas Gerais como instrumento efetivo de justiça, de equidade e de promoção da paz social.
- No eixo “Democracia”, com o apoio da Escola Judiciária Eleitoral do TRE/MG, ocorreu a simulação de eleições, com os mesmos cargos do pleito geral de 2022, e candidatos “fictícios” representados pela fauna local (em desenhos dos próprios indígenas); tudo isso com o objetivo de possibilitar contato antecipado com a urna eletrônica e os lugares de votação. Na ação “XATEYĨY! Rodas de Conversa”, foram tratados temas internos das aldeias, que têm afligido os Maxakali, sobretudo o consumo excessivo de álcool. Dos Novos passos de Implantação do Projeto O Projeto recebeu no ano de 2022 diversas ações de estruturação para ampliação propostas de ampliação pela Comissão de Direito Indígena instituída ela Portaria n. 5.800/PR/2022 que foram recebidas e estão sendo tratadas no âmbito da Terceira Vice-Presidência onde o projeto está institucionalizado.
Resultados
- No eixo “Cidadania”, com suporte de pesquisadores de Antropologia, realizaram-se “rodas de conversação” a cada 3 meses. Nesses diálogos, que têm a participação dos indígenas Maxakali e de autoridades públicas, os Maxakali expressam sua cosmologia e disseram quais os principais problemas os afligiam. A partir desses encontros, as autoridades públicas buscaram tomar iniciativas, inclusive das instituições parceiras e órgãos públicos locais que pudessem colaborar para melhoria das condições de vida dos indígenas. Um exemplo: ação coletiva para emissão de documentos de identidade e documentos eleitorais para os indígenas.
- No eixo “Justiça”, as principais demandas dos indígenas foram mapeadas pela “Defensoria Pública” e pelo Cejusc Águas Formosas. A partir desse mapeamento, foram realizadas audiências nas aldeias. Foi a primeira vez que os Maxakali receberam os serviços judiciários itinerantes em suas terras. As audiências ocorreram com tradutor.
- No eixo “Democracia” foram realizadas eleições simuladas, no idioma Maxakali, para que os indígenas pudessem ter maior facilidade para manusear as urnas eletrônicas. Foi a primeira vez que eleições simuladas nesse formato ocorreram com povos indígenas no Brasil. As ações já realizadas nestes três anos demonstram que o projeto pode ser facilmente replicado em outras comunidades e povos tradicionais como quilombolas e ribeirinhos.
b) Estabelecimento de Rede Colaborativa – a presença de todos os atores públicos de relevo, já descritos anteriormente [Funai, Ministério Público Estadual e Federal, Defensoria Pública Federal e Estadual, Municípios, Secretaria Especial da Saúde Indígena – SESAI, etc.] permitem uma melhor qualificação e ampliação dos serviços públicos ali envolvidos, de maneira a buscar-se sinergia e qualificação do acesso à justiça aos povos assistidos;
c) Atuação do Cejusc Cidadania – os trabalhos são realizados por meio dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania, na forma da Resolução 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça, propiciando um serviço judiciário ágil, desburocratizado, inclusive com audiências pré-processuais que evitam a judicialização quando desnecessária;
d) Formalização do Projeto perante a Terceira Vice Presidência – a formalização do projeto perante órgão de direção superior competente, segundo o regramento do Tribunal, permite que a alta administração possa evitar a descontinuidade do projeto, sua ampliação e melhoria contínua, inclusive pelo investimento de recursos organizacionais materiais e humanos que sustentem a ampliação dos serviços ali prestados.
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Problemas-chave
Barreiras linguísticas e culturais
Dificuldades enfrentadas por indivíduos devidas a complexidades legais ou cujo idioma seja diferente do português, ou que tenham origem em diferentes contextos culturais, o que pode dificultar o acesso efetivo à justiçaBaixa conscientização sobre direitos
Desconhecimento do público em geral sobre seus direitos legais e sobre benefícios, oportunidades e recursos disponíveis, o que pode dificultar a busca por assistência jurídica quando necessárioDificuldade no acesso a informações jurídicas
Escassez de fontes de informação jurídica facilmente acessíveis e compreensíveis para o público em geral -
Soluções-chave
Ampliação do acesso a informações jurídicas
Aumento da disponibilidade e da facilidade de acesso a informações jurídicas para o público em geral, envolvendo a criação de recursos online, campanhas de conscientização e a distribuição de material informativoEducação e conscientização dos direitos legais
Implementação de programas de educação para aumentar a consciência sobre direitos e responsabilidades legais, visando a prevenção de litígios e a promoção da justiça social -
Barreiras
Escassez de pessoal
Insuficiência de profissionais para atender às demandas do sistema jurídico, incluindo a falta de juízes e advogados e de funcionários de apoio administrativo e técnicoLimitações de infraestrutura
Deficiências nas estruturas físicas e tecnológicas necessárias para um sistema jurídico eficiente. Inclui instalações judiciais inadequadas, equipamentos e sistemas de TI obsoletos e ausência de recursos digitais apropriadosDesafios de comunicação e divulgação
Desafios de Comunicação e Divulgação: Problemas relacionados à eficácia na comunicação e divulgação de serviços jurídicos disponíveis ao público, especialmente para comunidades isoladas, marginalizadas ou aquelas que enfrentam alguma barreira linguística e de comunicação (indígenas, cegas, surdas etc.)Dificuldades territoriais e deslocamento
Problemas relacionados à geografia e à necessidade de deslocamento para acessar serviços judiciais. Essas dificuldades incluem a distância física entre comunidades e centros jurídicos, falta de infraestrutura de transporte adequada e barreiras específicas enfrentadas por pessoas em áreas rurais ou remotasRestrições devidas à pandemia de COVID-19
Limitações e desafios específicos resultantes da pandemia de COVID-19, incluindo restrições físicas, adaptações às normas de saúde pública, necessidade de implementação rápida de novas tecnologias e mudanças nos procedimentos judiciais -
Tecnologias
Não se aplica
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Parceiros
- Fundação Nacional dos Povos Indígenas – Funai;
- Ministério Público Federal;
- Ministério Público do Estado de Minas Gerais;
- Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais;
- Defensoria Pública da União;
- Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais;
- Município de Santa Helena de Minas;
- Município de Bertópolis;
- Universidade Federal de Minas Gerais;
- Polícia Civil de Minas Gerais;
- Polícia Militar do Estado de Minas Gerais;
- APOIME – Articulação dos Povos Indígenas MNE;
- SESAI – Secretaria Especial da Saúde Indígena.
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Downloads
PROJETO-CIDADANIA-DEMOCRACIA-E-JUSTICA-AO-POVO-MAXAKALI-1.pdf
Ficha técnica
Data de início | 01/2020 |
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Tribunal associado à prática | Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) |
Público-alvo | Sociedade em geral Jurisdicionados |
Voltada aos grupos |
População indígena |
Escopo de atuação | Estadual |
Fonte de dados | Prêmio Innovare |
Página de origem | https://www.premioinnovare.com.br/pratica/projeto-cidadania-democracia-e-justi%C3%A7a-ao-povo-maxakali/11723 |