O Dia Mundial de Luta contra a AIDS foi instituído em 1988 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cinco anos após a descoberta do vírus HIV (vírus da imunodeficiência humana). A data surgiu como resposta a uma mobilização histórica realizada em 1987, durante a 3ª Conferência Internacional de AIDS, em Washington (EUA), quando mais de 200 mil ativistas e pessoas vivendo com HIV se reuniram do lado de fora do evento exigindo visibilidade e ações concretas — em um contexto em que o tratamento ainda não existia e o silêncio representava uma sentença de morte.
Desde então, o 1º de dezembro tornou-se um marco global de mobilização, conscientização e solidariedade. A data busca combater o preconceito, a desinformação e o estigma em torno da doença, além de reforçar a importância da prevenção, do tratamento e da promoção dos direitos das pessoas que vivem com HIV.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, em 2020 havia 37,7 milhões de pessoas vivendo com HIV em todo o mundo; 1,5 milhão foram infectadas e 680 mil morreram de causas relacionadas à AIDS naquele ano. A despeito dos avanços científicos e do acesso gratuito aos medicamentos antirretrovirais (ARV), o HIV continua sendo um desafio de saúde pública e uma questão social urgente, especialmente em contextos de desigualdade.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) distribui gratuitamente os medicamentos antirretrovirais desde 1996, garantindo qualidade de vida e redução da transmissão. No entanto, ainda há registros preocupantes: a cada 15 minutos, uma pessoa é infectada com HIV no país, e sete pessoas morrem por dia apenas no estado de São Paulo em decorrência de complicações da doença.
O vírus HIV ataca o sistema imunológico, tornando o organismo vulnerável a infecções oportunistas. É transmitido por relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de agulhas e seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gestação e amamentação. Embora o HIV não tenha cura, o tratamento adequado impede sua multiplicação, melhora a imunidade e permite que pessoas soropositivas vivam de forma saudável e produtiva.
A fita vermelha, símbolo mundial da luta contra a AIDS, representa solidariedade e apoio às pessoas que convivem com o vírus, reforçando o compromisso coletivo de enfrentar o estigma e promover o respeito aos direitos humanos.

O tema global do Dia Mundial de Luta contra a AIDS é definido anualmente pelas Nações Unidas, refletindo os desafios e prioridades de cada época. Desde sua criação, os temas escolhidos foram:
- 2024: Sigamos o caminho dos direitos
- 2023: Comunidades liderando
- 2022: Equidade Já
- 2021: Acabar com as desigualdades. Acabar com a AIDS. Acabar com as pandemias
- 2020: Solidariedade global, responsabilidade compartilhada
- 2019: As comunidades fazem a diferença
- 2018: Conheça seu status
- 2017: Minha saúde. Meu direito
- 2016: Mãos para cima para a prevenção do HIV
- 2015: No caminho rápido para acabar com a AIDS
- 2014: Fechar a lacuna
- 2013: Discriminação zero
- 2012: Juntos acabaremos com a AIDS
- 2011: Chegar a zero
- 2010 e 2009: Acesso universal e direitos humanos
- 2008 a 2005: Acabar com a AIDS. Manter a promessa
- 2004: Mulheres, meninas, HIV e AIDS
- 2003 e 2002: Estigma e discriminação
- 2001: Eu me importo. Você se importa?
- 2000: AIDS: Homens façam a diferença
- 1999: Ouça, aprenda, viva!
- 1998: Força para a mudança
- 1997: Crianças vivendo em um mundo de AIDS
- 1996: Um mundo, uma esperança
- 1995: Direitos compartilhados, responsabilidades compartilhadas
- 1994: AIDS e a família
- 1993: Hora de agir
- 1992: AIDS — um compromisso comunitário
- 1991: Compartilhando o desafio
- 1990: Mulheres e AIDS
- 1989: Nossas vidas, nosso mundo — cuidamos uns dos outros
- 1988: Um mundo unido contra a AIDS
Esses temas refletem a evolução da resposta global à epidemia, desde o apelo por solidariedade nos anos 1980 até as discussões contemporâneas sobre equidade, direitos humanos e acesso universal à saúde.Para 2025, o tema é “Eliminar as barreiras, transformar a resposta à AIDS”, destacando a necessidade de enfrentar cortes de financiamento, leis punitivas e discriminação estrutural que dificultam o acesso de grupos vulneráveis aos serviços de saúde. A proposta enfatiza que apenas com liderança política, cooperação internacional e compromisso social será possível alcançar a meta de eliminar a AIDS como ameaça à saúde pública até 2030, conforme os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
💭A ciência já demonstrou que viver com HIV não é uma sentença de morte — mas o preconceito ainda insiste em ser. Quarenta anos depois, será que o maior vírus a ser combatido ainda é o da ignorância e da discriminação? O Dia Mundial de Luta contra a AIDS nos desafia a lembrar que acabar com a doença depende tanto de medicamentos e políticas públicas quanto da nossa capacidade de empatia e humanidade.💭
FONTES:
DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA A AIDS: O que é? – UNAIDS Brasil
CRÉDITOS
Texto | Produção | Autoria:
Conteúdo elaborado para: ObservAJUS – Observatório de Acesso à Justiça
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